Gama probe: intervenções radioguiadas
Um procedimento cirúrgico, por menor que seja, sempre deve ser analisado com critérios visando os riscos e benefícios. A equipe médica deve estar atenta afim de minimizar as complicações desses atos. Com o avanço tecnológico, a medicina tem ampliado seu arsenal nesse sentido.
Em se tratando de cirurgia oncológica, essa questão atinge um patamar ainda mais contundente, pois trata-se do tratamento do temível câncer. A medicina nuclear, uma especialidade que entre as abordagens, tem na oncologia um dos aspectos mais relevantes na abordagem diagnostica, entra definitivamente na parte cirúrgica, trata-se da cirurgia radioguiada com a utilização de um dispositivo sensível a radiação chamado Gama Probe.
Gama probe
O Gama Probe é um instrumento médico de alta tecnologia que quantifica a radiação. É composto por uma sonda que faz a contagem desta radiação no ato cirúrgico, guiando o cirurgião para a exata localização de lesões, notadamente o nódulo sentinela.
O nódulo sentinela é o primeiro linfonodo (cadeia de células de defesa agrupadas) a receber células tumorais que se disseminam através dos canais linfáticos provenientes do tumor primário. “O estado do nódulo sentinela reflete com grande freqüência o estado da todos os outros gânglios, isto é, se este não apresentar infiltração metastática, a chance do restante da cadeia estar comprometida é muito baixa.
Essa informação é importante, pois a retirada de uma grande quantidade de gânglios pode desencadear efeitos indesejados como diminuição da mobilidade nos braços, edemas e problemas estéticos, em se tratando do câncer de mama”, explica o médico nuclear Carlos Pin.
Nódulo sentinela
A pesquisa do nódulo sentinela tem indicação precisa e bem estabelecida em determinados tipos de tumores de mama, vulva, pênis e melanoma, entre outros. Para determinar o nódulo sentinela existem três técnicas, sendo duas delas realizadas pela medicina nuclear: linfocintilografia, azul patente e pesquisa intra-operatória com Gama Probe.
A linfocintilografia é método diagnóstico por imagem, realizada em serviços de medicina nuclear, que fornece informações da rede linfática. “Para realização deste exame, é administrado material radioativo, em mínimas quantidades na região do tumor primário. Este material é drenado através da cadeia linfática regional e gânglios, sendo o nódulo sentinela o primeiro a aparecer. Imagens são registradas e a pele é marcada projetando o nódulo”, observa Carlos Pin.
Isto é de suma importância no ato cirúrgico, pois ajuda a direcionar o local da incisão para retirada do nódulo, diminuindo o tempo cirúrgico e o tamanho da incisão. “Neste ato cirúrgico o Gama Probe direciona através de emissão sonora a localização exata do nódulo que contém a maior quantidade de radiotraçador. Por este método é possível avaliar com contagem in vivo e ex vivo se o nódulo foi realmente retirado”, explica o especialista.
Técnica ROLL
A técnica do ¨ROLL¨ (radioguiaded occult lesion localisation) usada em câncer de mama envolve a inoculação pré-operatória de uma pequena quantidade de material radioativo dentro de microcalcificações agrupadas ou dentro de pequenos nódulos não palpáveis. Com o direcionamento do Gama Probe, o cirurgião remove estas lesões com acurácia.
Dessa forma, o médico nuclear passou a ser parte integrante e necessária na equipe cirúrgica, compostas pelos cirurgiões, oncologistas, patologistas, radiologistas e radioterapeutas, devido as novidades e ao avanço tecnológico da cirurgia radioguiada.